segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

Meu corpo acordou amargo
em sintonia com a chuva gélida nesse dia sem luz.
E cada pelo que se arrepia ao esbarrar no frio
me dói com um peso que nem existe.
Ah, se eu pudesse controlar meus pensamentos! Eles me levam sempre aonde eu não quero chegar. Como uma navalha, por dentro rasgam, à maestria e cuidadosa falsa leveza, tudo o que de lógico há em mim. No fim, não me resta nada que não a solidão mais dolorosa e incolor. Os olhos, de tão flácidos, deixam as lágrimas caírem
pesadas e incontroláveis
em um fluxo que então me doma, dominante e dominador.
Queria eu me livrar de mim mesma, mas quanto mais profundo me detesto, mais me fado ao pesar de existir somente enquanto sendo eu.
As palavras que escrevo, ao menos estas, ainda são sãs. E ao escrevê-las, de modo sutil porém severamente amargo, transbordo todo o pólen que de tão bonito já não cabe mais em mim.
Sentir é mesmo a melhor e a pior das bênçãos.
Às vezes me pergunto se não prefiro ser uma lagarta.
Mas se hoje é um dia frio, chuvoso e intensamente cinza, também indago se amanhã não poderia ser colorido tais como as asas de uma borboleta.
E assim eu fecho os olhos
sobre os quais nenhum controle tenho mais
e adormeço,
cansada,
em algum canto dentro de mim...

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