terça-feira, 16 de junho de 2015

poça

jamais poderei escrever novamente!
pois escrever é se encontrar e se perder
mas
oh, meu Deus,
eu só sei me perder!
eu não consigo mais escrever!
oh, eu sempre me ponho a chorar!
desesperada
frustrada
encaro a eterna poça sob mim a se formar
transbordo densas lágrimas salgadas
e sofro o peso de existir!
fadada à vida humana
sou também as cores do céu
mas, oh, céus!
não caibo e explodo, eu choro, eu choro!
e enquanto tanto choro
com meus olhos embaçados
vejo
de dentro da poça lagrimosa
uma doce onda surgir
e com grande elegância
me arrastar pra dentro de mim.

aqui dentro, sem ar
nado rumo ao meu cerne mais profundo
e quando me encontro, me vejo enfim:
uma flor a desabrochar.
então sorrio e choro tanto
que transbordo mais e mais
e sem ar, sinto aos poucos
minha doce vida que se esvai
mas a flor continua tão viva
sempre sempre a chorar...
e a poça cresce tanto e tanto!
sem poder jamais parar...

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