quinta-feira, 21 de agosto de 2014

(escrito e postado sem revisão e sem nome)

Caminho diariamente rumo à mais densa e poética loucura. Às vezes escrevo e, como agora, ouço cada palavra ressoando em minha mente com uma voz que não é minha, junto às imagens caóticas que formam o curta metragem que passa tão somente na minha cabeça. Escrever é um mergulho profundo no cerne da minha existência. É como entrar em mim mesma e perder-me ao perceber o universo infinito que me abriga; ao perceber que sou, eu também, infinita por inteira. E que é tão bonito aqui! Tão silencioso. Tão intenso!
Dá vontade de chorar.
Há também estrelas, e tanto amor. Há luas e sóis. Serenidade, paz e contentamento. Minha alma é como as ondas do mar; meu corpo, feito rocha, meio que forma um forte natural em constante erosão. O vento que me toca arranca pedaços de mim. Aos poucos, me transforma. E eu... eu sinto que minha vida está fadada à minha libertação. Aos poucos, vou me desconectando mais e mais das minhas amarras invisíveis, me desconectando até mesmo do meu corpo, me metamorfoseando em um ser sem forma alguma. Serei, um belo dia, um brilhante e feliz pontinho de luz.
Ah, que alegria!
Hoje eu ainda penso que, de repente, o meu passado e meu presente são reflexos de um sonho. De repente o que vivo é a transcendência da minha imaginação, e o futuro jamais existe.
Um dia eu observei uma formiga caminhando sobre o livro que lia, todo escrito com palavras negras, e questionei-me se ela seria capaz de perceber o que fazia: andava sobre letras e poesias, fazia parte da manifestação literária do coração de outro ser. Perguntei à mim mesma se não seria o nosso mundo e o universo tal como conhecemos apenas um livro de poesias, sobre o qual belamente caminhávamos, tão imersos e descrentes da nossa própria ignorância quanto àquela formiguinha. Soou bonito, apesar de assustador!
Esse e outros tipos de pensamentos me dão certa certeza sobre a simplicidade das nossas vidas. De alguma forma, o contraste com a imensidão de tudo torna as relações humanas patéticas. Sinto que as mulheres e os homens deveriam apenas ser o que são; ouvir seus corações que naturalmente optam pela vida sem luxos, a vida próxima à natureza. A ganância, a inveja, o ódio e a vaidade não são naturais dos seres com vida. A luz do Sol e da Lua ilumina a todos.
Às vezes parece que sou mais de uma. Entre tantas outras, tenho duas personalidades muito fortes, e elas vivem em conflito! Porque quando uma diz sim, a outra diz não, e eu fico perdida no meio delas. Disseram-me que cada uma delas é fruto de uma vida passada, na qual fiz certas escolhas que me levaram à uma experiência distinta da outra. Nesse momento, a minha personalidade mais simples e leve escreve por mim. Ela flutua e sorri.
De repente, já estou de volta. O curta acabou, mas de uma forma que eu não esperava, exibindo uma cena que não filmei. É como um quadro, que permanece parado por 6 segundos antes de acabar: há um pedaço de cimento meio rachado, formando uma casa pintada de salmão, mas só um pequeno pedacinho da casa aparece, mostrando a rua de tijolos e um vaso com flores secas.

De alguma forma, isso é lindo.

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