a vida é esse fluxo contínuo, um rio inexorável de energia inesgotável que transcende, se invade e se acha em todos os cantos, e flui nos beijos e nos estrelaços de línguas e nos amassos de papéis vãos e nas poesias que de tão cruas ferem, também na chama e na calma do fogo e no fluir da água, e mesmo no parado, pois sinceramente de parado não há nada, tudo pulsa a todo instante, e contendo ou gritando há caos, e nesse caos a harmonia da vida, dos gases, da essencia que também se move, dançando de olhos fechados a valsa do amor, que é a essencia da essencia e que abriga a tudo e todos e a tudo. a vida é essa maluquice tão consciente que só sabe que nada sabe e por isso saber se torna eloquente, quase contraditória, mas entenda, é que a vida também é essa contradição ambulante, o desejo e o freio, a marcha ré e as memórias, uma pilha de sentimentos que não se acham mas choram, e quando não choram gritam calados. a vida precisa escapar, ela é esse escape de si própria, e a necessidade de ser e o desespero de não saber como, quando ou porque; é esse abismo eterno cheio de luz, de paixão, de desgraça, de crianças, mas mais do que pele suor sangue cabelos, dessa fluidez impalpável que mora nas pedras e nas pessoas e nos animais e nas árvores e em tudo o que da natureza nasceu cresceu e sorriu. a vida é amor e amor e amor e amor e não faz o menor sentido porque o amor também não faz…
então procuro um motivo para procurar um motivo nisso tudo, nesse fato da gente respirar, das coisas serem como são, de serem tão mutáveis mas tão duras, de serem tão moléculas mas tão imateriais, de estarem envoltas em um véu invisível que parece nos impedir de enxergar verdades provavelmente óbvias. não há motivo. desista. eu desisti. eu entendi que basta ser e captar a ideia de que é tudo tão complexo que termina por fácil e chorável. é tudo tão louco que se entregar de mão beijada e simplesmente voar feliz parece a coisa mais óbvia e lúcida de se fazer. e a única revolução verdadeira é o amor.
obrigada.
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