Permita-me escrever deixando à parte meu lado poetisa.
Tenho assistido à algumas manifestações públicas ocorridas em 2011 e mesmo em 2012, onde um grupo de pessoas reivindicaram, principalmente, a diminuição do preço da passagem dos ônibus. Pus-me feliz, felicíssima, por perceber que ainda há em nosso país pessoas crentes no poder de sua voz, pessoas que, com toda a dignidade, saem do conforto de suas casas para lutar por direitos e deveres. Mas, ao mesmo tempo, entristeci, ao ver que ainda há muitos empecilhos atrapalhando o sucesso dessas mesmas manifestações, e que talvez seja preciso que haja uma demostração pública maior ainda para que os manifestantes daquelas possam mudar sua forma de gritar.
Primeiramente, não quero menosprezar a generosa quantidade de pessoas que há no número "2000", mas duas mil cabeças não conseguem o destaque necessário para conceber mudanças. Tomei consciência de manifestações que foram feitas com cerca de quinhentas pessoas! Imaginem só, obviamente não sucederam. Creio, consequentemente, que antes de mais nada deve-se possuir um número bem grande de pessoas responsáveis que realmente cumpram com sua palavra e se comprometam aos ideais discutidos e exaltados nas propostas das manifestações. Aí sim a voz, que sendo do povo é uma só, será bastante alta, alta o suficiente para atrair as nossas pequenas figuras públicas responsáveis pelo país.
Sobre esses ideais, são eles o mais importante e devem ser discutidos com muita, muita calma. Como diria Desmod Tutu, "não levante sua voz, melhore seus argumentos". Se a mensagem explícita nessa frase pudesse ser vangloriada, e se nos puséssemos a raciocinar, deixando de lado o fogo da revolta e a teimosia de nossas ações sentimentais, poderíamos encontrar algo concreto e correto para proliferar, fortalecendo, assim, a manifestação em questão.
Outro quesito importantíssimo é a violência. Por que, meu bom Deus, as pessoas insistem em agir violentamente, se violência, bem como a raiva, faz com que percamos todo e qualquer tipo de razão? Ainda que existam os policiais e agentes públicos responsáveis por "organizar" a manifestação, e que eu tenha plena noção da tirania e da opressão dos mesmos, não adianta tentar machucá-los, não adianta jogar uma pedrinha se eles possuem armas - e estas sim - com grande capacidade de ferir. Pois não faltemos com o respeito. Estudemos, tenhamos em mãos a nossa Constituição, saibamos de cor dizer porquê estamos certos, porque estamos ali, no meio das ruas, ou em qualquer outro lugar, gritando, pedindo, implorando pelo o que precisamos como sociedade. E, principalmente, acreditemos no nosso potencial, sem desistências, sem abaixar a cabeça! Somos absolutamente capazes de conseguir mudar o que quisermos, mas apenas se nos esforçamos para tal e se lutarmos pela vitória com base em pensamentos racionais e austeros, gritando bem bonito uma voz carregada de valores sensatos, que partem e escorrem de nossos cérebros e também de nossos corações.
Espero, sinceramente, poder plantar nas pessoas, enquanto escritora, a vontade de lutar, e mais tarde, enquanto manifestante, regar essas mesmas sementes para que juntos possamos nos orgulhar de nosso país, não apenas por sua beleza paradisíaca, mas principalmente por haver nele traços de justiça e de dignidade - estes mesmos riscados pelas nossas mãos cansadas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário