Porque é serio da minha parte.
Escrevo respeitosamente. Não almejo ofender, sobretudo, professores e educadores de quaisquer redes de ensino. Ponho-me a escrever esse texto, talvez até mesmo audacioso, apenas pelo simples ímpeto de manifestar meu ponto de vista.
Não sou psicóloga ou historiadora; na verdade, não passo de uma mera estudante da primeira série do ensino médio. Ainda assim, gostaria de ser respeitada e também levada a sério, até porque não escrevo por ser uma aluna ruim revoltada com a própria incapacidade de somar notas altas; tenho as maiores médias da minha turma e adoro a escola onde estudo. Escrevo porque discordo da forma como nossa sociedade tem formado pessoas. E estas são as razões pelas quais acredito, veementemente, que nossas escolas são sistemas ultrapassados e pouco eficientes.
1- O sistema de avaliação não faz sentido. As provas não fazem o menor sentido. Coloca-se alunos sentados em suas carteiras, pede-se para que os mesmos respondam à diversas questões por escrito e para que outros professores as corrijam. No caso das exatas, consigo compreender, pois normalmente não há tantas respostas possíveis. Mas nas matérias humanas? Como dar um texto à uma criança e pedir para que a interprete e depois dar um "seis" pelas suas palavras? Será que realmente precisamos limitar a criatividade, a imaginação e a personalidade dessas pessoas em formação? Da mesma forma, essas minhas perguntas deveriam ser zeradas caso o leitor não concordasse com as mesmas?
2- A importância das matérias. Qual é? Disseram-me uma vez que estudávamos matemática, por exemplo, porque ao fazer cálculos e a pensar matematicamente, exercitávamos e estimulávamos uma parte do cérebro - algo importante para o nosso desenvolvimento. Acho digníssimo. Mas uma criança que não tem a menor habilidade para cálculos deve ser menosprezada na escola? Obrigada a aprender com as aulas de recuperação, ouvir sermões de pessoas mais velhas que nunca ajudam em nada, que tiram todo o seu apetite, todo o prazer do aprender? Essa mesma criança que brilha na literatura, do português, no inglês e na história, por exemplo, deve ser reprovada por não conseguir, neurologicamente, se adaptar aos cálculos e à pressão das provas de matemática? Pois conheci um professor brilhante de inglês e francês que sofreu na escola por causa de física e conseguiu se formar muitíssimo bem, obrigado, através de colas etc, sem saber uma simples teoria. Seria esse sofrimento necessário?
3- O foco não é aprender, mas passar de ano. E, com o sistema de avaliação admitindo tantas fraudes, menospreza-se ainda mais o conhecimento. Colar, hoje, é extremamente fácil. Canso de ver colegas de classe com a página do Google aberta em seu ipod, que, escondido sobre a coxa, vomita todas as respostas. Ou mesmo sussurrando as respostas, um para o outro, enquanto o professor se distrai. É porque as provas só pedem isso do aluno: que ele escreva em um pedaço de papel aquilo que é universalmente considerado correto. E por mais que já existam provas feitas para estimular o raciocínio e a criatividade das pessoas, como devem elas encará-las depois de terem tido as raízes da imaginação cortadas em seus anos iniciais na escola?
4. Ensina-se sempre dentro da sala de aula, raramente fora dela. E não preciso ser formada em psicologia nem nada para saber que fora da sala de aula, em um ambiente mais bonito e tranquilizante, onde possa-se encontrar um mínimo de paz de espírito, a aprendizagem torna-se bastante mais produtiva. Sei por experiência própria. Então por que colocar todas as crianças, adolescentes, adultos, enfim, sentados em cadeiras enfileiradas, olhando apenas para o quadro-negro e para a figura sabida que tenta através de palavras - palavras estas extremamente interessantes, mas que se perdem no ambiente completamente tedioso - ensinar algo que provavelmente não as interessa, justamente porque as mesmas carregam um preconceito associado à sala de aula?
Essas são algumas das perguntas que não sei responder…
Eu guardo uma admiração extra-corpórea por todos os professores. Alguns não estimam tanto minha empatia, outros se tornam meus espelhos, mas sou grata à todos do fundo do meu coração. Creio que o ensino seja extremamente importante e, consequentemente, os professores também. A minha crítica refere-se à escola em si e aos itens já mencionados. Portanto, minha proposta até meio utópica sobre um tipo de sistema mais eficiente ficará reservada para o próximo texto.
Assim, com esses pequenos e incompletos 4 argumentos, que hão de florescer em minha cabeça e se multiplicar, começo minha crítica. Espero que não sejam preconceituosos e possam compreender, ainda que discordem.
Obrigada.
(Como todos os textos desse site, escrito por Juliana Villarinho Brandão)
Juliana, revivi palavra por palavra, linha por linha minha vida no colégio. Nunca entendi porque alguém com talento visível pela redação e desenho fosse obrigado a estudar matemática e química. Fui reprovado várias vezes e até hoje não sei fazer raiz quadrada. Não tive forças para reclamar, gritar como você o fez, agora. São novos tempos, é tempo de mudar. Que seu manifesto chegue aos altos escalões, às autoridades pelo povo, pelos estudantes pelos artistas que não aguentam mais tanta insensatez. Parabéns pelo excelente texto.
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