sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Ponho meu nome nessa crítica

Porque é serio da minha parte.
Escrevo respeitosamente. Não almejo ofender, sobretudo, professores e educadores de quaisquer redes de ensino. Ponho-me a escrever esse texto, talvez até mesmo audacioso, apenas pelo simples ímpeto de manifestar meu ponto de vista.
Não sou psicóloga ou historiadora; na verdade, não passo de uma mera estudante da primeira série do ensino médio. Ainda assim, gostaria de ser respeitada e também levada a sério, até porque não escrevo por ser uma aluna ruim revoltada com a própria incapacidade de somar notas altas; tenho as maiores médias da minha turma e adoro a escola onde estudo. Escrevo porque discordo da forma como nossa sociedade tem formado pessoas. E estas são as razões pelas quais acredito, veementemente, que nossas escolas são sistemas ultrapassados e pouco eficientes.
1- O sistema de avaliação não faz sentido. As provas não fazem o menor sentido. Coloca-se alunos sentados em suas carteiras, pede-se para que os mesmos respondam à diversas questões por escrito e para que outros professores as corrijam. No caso das exatas, consigo compreender, pois normalmente não há tantas respostas possíveis. Mas nas matérias humanas? Como dar um texto à uma criança e pedir para que a interprete e depois dar um "seis" pelas suas palavras? Será que realmente precisamos limitar a criatividade, a imaginação e a personalidade dessas pessoas em formação? Da mesma forma, essas minhas perguntas deveriam ser zeradas caso o leitor não concordasse com as mesmas?
2- A importância das matérias. Qual é? Disseram-me uma vez que estudávamos matemática, por exemplo, porque ao fazer cálculos e a pensar matematicamente, exercitávamos e estimulávamos uma parte do cérebro - algo importante para o nosso desenvolvimento. Acho digníssimo. Mas uma criança que não tem a menor habilidade para cálculos deve ser menosprezada na escola? Obrigada a aprender com as aulas de recuperação, ouvir sermões de pessoas mais velhas que nunca ajudam em nada, que tiram todo o seu apetite, todo o prazer do aprender? Essa mesma criança que brilha na literatura, do português, no inglês e na história, por exemplo, deve ser reprovada por não conseguir, neurologicamente, se adaptar aos cálculos e à pressão das provas de matemática? Pois conheci um professor brilhante de inglês e francês que sofreu na escola por causa de física e conseguiu se formar muitíssimo bem, obrigado, através de colas etc, sem saber uma simples teoria. Seria esse sofrimento necessário?
3- O foco não é aprender, mas passar de ano. E, com o sistema de avaliação admitindo tantas fraudes, menospreza-se ainda mais o conhecimento. Colar, hoje, é extremamente fácil. Canso de ver colegas de classe com a página do Google aberta em seu ipod, que, escondido sobre a coxa, vomita todas as respostas. Ou mesmo sussurrando as respostas, um para o outro, enquanto o professor se distrai. É porque as provas só pedem isso do aluno: que ele escreva em um pedaço de papel aquilo que é universalmente considerado correto. E por mais que já existam provas feitas para estimular o raciocínio e a criatividade das pessoas, como devem elas encará-las depois de terem tido as raízes da imaginação cortadas em seus anos iniciais na escola?
4. Ensina-se sempre dentro da sala de aula, raramente fora dela. E não preciso ser formada em psicologia nem nada para saber que fora da sala de aula, em um ambiente mais bonito e tranquilizante, onde possa-se encontrar um mínimo de paz de espírito, a aprendizagem torna-se bastante mais produtiva. Sei por experiência própria. Então por que colocar todas as crianças, adolescentes, adultos, enfim, sentados em cadeiras enfileiradas, olhando apenas para o quadro-negro e para a figura sabida que tenta através de palavras - palavras estas extremamente interessantes, mas que se perdem no ambiente completamente tedioso - ensinar algo que provavelmente não as interessa, justamente porque as mesmas carregam um preconceito associado à sala de aula?
Essas são algumas das perguntas que não sei responder…
Eu guardo uma admiração extra-corpórea por todos os professores. Alguns não estimam tanto minha empatia, outros se tornam meus espelhos, mas sou grata à todos do fundo do meu coração. Creio que o ensino seja extremamente importante e, consequentemente, os professores também. A minha crítica refere-se à escola em si e aos itens já mencionados. Portanto, minha proposta até meio utópica sobre um tipo de sistema mais eficiente ficará reservada para o próximo texto.
Assim, com esses pequenos e incompletos 4 argumentos, que hão de florescer em minha cabeça e se multiplicar, começo minha crítica. Espero que não sejam preconceituosos e possam compreender, ainda que discordem.
Obrigada.
(Como todos os textos desse site, escrito por Juliana Villarinho Brandão)

Um comentário:

  1. Juliana, revivi palavra por palavra, linha por linha minha vida no colégio. Nunca entendi porque alguém com talento visível pela redação e desenho fosse obrigado a estudar matemática e química. Fui reprovado várias vezes e até hoje não sei fazer raiz quadrada. Não tive forças para reclamar, gritar como você o fez, agora. São novos tempos, é tempo de mudar. Que seu manifesto chegue aos altos escalões, às autoridades pelo povo, pelos estudantes pelos artistas que não aguentam mais tanta insensatez. Parabéns pelo excelente texto.

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