domingo, 19 de agosto de 2012

Pescando o Céu


Não dá.
Há uma hora, sai do banho e ingenuamente espiei atrás da janela. Ai eu vi o Céu e fiquei tão em transe que paralisei. Minha boca se abriu e só tomei consciência disso segundos depois. Logo, comecei a aplaudir, sozinha, de toalha e com a cabeça pendurada pra fora da janela. Vesti-me e dez minutos depois, fui à varanda arriscar mais uma olhada; novamente, vi-me presa àquela sensação dominadora e fascinante de total admiração. Era o sol se pondo, seus raios luminosos cortando as nuvens, criando tons de vermelho, laranja e rosa, contrastando com a brancura e com os tantos azuis do Céu. Espetacularmente magnífico.
E agora, há cinco minutos, voltei a debruçar-me na janela e simplesmente disse, em voz alta: “Deus, para mim, não dá”.
Aí busquei o notebook, sentei na cadeira da varanda e comecei a escrever. Agora, estou olhando para uma lua crescente, admirando o azul que se torna mais escuro a cada segundo, as nuvens já negras que se espalham conforme a brisa transcorre, o Cristo Redentor de braços abertos piscando pra mim. Bem, talvez não piscando, mas ele está tão longe que posso fantasiar que sim.
Estou inconformada, pois há tanta bondade no mundo disponível por ai e nós nem percebemos. É tão generoso da parte de Deus (ou de quem quer que governe esse mundo) compartilhar essa beleza incomensurável que é a do Céu, todos os dias, durante vinte e quatro horas, desde que nascemos até a hora de nossa morte! Ele poderia guardar só para si, mas nos dá de mão beijada, independentemente de termos sido boas pessoas, de termos agido com afeto e bondade durante o dia. É tanta gentileza e nobreza que me limito a continuar aqui, divagando nesse frio, de sutiã, torcendo para que ninguém me veja, angustiada com a sensação de querer explicar o quanto o Céu é mágico para mim e frustrada por não conseguir.
Tô tomando o meu café e digitando olhando para cima, pois todos esses anos de vício me arrancaram a necessidade de olhar para o teclado. Não faço idéia de onde você, querido leitor, esteja, nem do que esteja fazendo, mas quero pedir-te para que desenhe a imagem que descrevo em sua mente e sinta-se sortudo também.
Sinto a Paz. Venha comigo.

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