Não dá.
Há uma hora, sai do banho e
ingenuamente espiei atrás da janela. Ai eu vi o Céu e fiquei tão em transe que
paralisei. Minha boca se abriu e só tomei consciência disso segundos depois.
Logo, comecei a aplaudir, sozinha, de toalha e com a cabeça pendurada pra fora
da janela. Vesti-me e dez minutos depois, fui à varanda arriscar mais uma
olhada; novamente, vi-me presa àquela sensação dominadora e fascinante de total
admiração. Era o sol se pondo, seus raios luminosos cortando as nuvens, criando
tons de vermelho, laranja e rosa, contrastando com a brancura e com os tantos
azuis do Céu. Espetacularmente magnífico.
E agora, há cinco minutos, voltei a
debruçar-me na janela e simplesmente disse, em voz alta: “Deus, para mim, não
dá”.
Aí busquei o notebook, sentei na
cadeira da varanda e comecei a escrever. Agora, estou olhando para uma lua
crescente, admirando o azul que se torna mais escuro a cada segundo, as nuvens
já negras que se espalham conforme a brisa transcorre, o Cristo Redentor de
braços abertos piscando pra mim. Bem, talvez não piscando, mas ele está tão
longe que posso fantasiar que sim.
Estou inconformada, pois há tanta
bondade no mundo disponível por ai e nós nem percebemos. É tão generoso da
parte de Deus (ou de quem quer que governe esse mundo) compartilhar essa beleza
incomensurável que é a do Céu, todos os dias, durante vinte e quatro horas,
desde que nascemos até a hora de nossa morte! Ele poderia guardar só para si,
mas nos dá de mão beijada, independentemente de termos sido boas pessoas, de
termos agido com afeto e bondade durante o dia. É tanta gentileza e nobreza que
me limito a continuar aqui, divagando nesse frio, de sutiã, torcendo para que
ninguém me veja, angustiada com a sensação de querer explicar o quanto o Céu é
mágico para mim e frustrada por não conseguir.
Tô tomando o meu café e digitando
olhando para cima, pois todos esses anos de vício me arrancaram a necessidade
de olhar para o teclado. Não faço idéia de onde você, querido leitor, esteja,
nem do que esteja fazendo, mas quero pedir-te para que desenhe a imagem que
descrevo em sua mente e sinta-se sortudo também.
Sinto a Paz. Venha comigo.
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