Deixe-me escrever rapidinho que daqui a pouco será dia 13, e não mais 12/12/12. Sei que isso é muito bobo, mas essa coisa de mesmo número repetido no dia, mês e ano me deixava contente quando eu era criança, na época dos cabeçalhos completos e da caligrafia lenta e redonda, então hoje ainda me inebrio com os vestígios dessa pequena alegria.
Bem, hoje eu quero dizer pro mundo que eu morro de amor por ele e que, se eu pudesse, pixaria todos os muros e paredes com a frase "amo-te, mundo", para que quem lesse pudesse repeti-la dentro da própria cabeça, ainda que só por estar lendo-a e não criando-a. Morro de amor pelo tempo, consciente de que cada segundo é uma vida, uma chance, uma verdade e uma oportunidade de ser luz; morro de amor pelas pequenezas que são as grandes razões do meu respirar. Com lágrimas no rosto, eu grito que amo as crianças da África e que não preciso conhecê-las para tal; que sinto pela sua fome, e que essa raiva inicial pelo saber das desgraças alheias se desenrola até ser só uma tristeza profunda, capaz de motivar-me a lutar por um prato de comida para os meus próximos que não o tem, e também a agradecer à Deus pelo privilégio da fartura. Eu amo o assaltante que matou a avó da minha amiga, e sei disso porque encontro forças para rezar pelo seu coração e sua alma, ao invés de entregar-me tão facilmente ao ódio e às lamúrias de quem só almeja vingança e escuridão. Eu amo o meu irmão que é um político corrupto e injustiça os meus outros irmãos brasileiros, e também sei disso porque, no fundo do meu coração, eu só quero que ele encontre paz, que ele seja capaz de discernir o correto do errado e que se arrependa, convertendo toda essa maleficência em bondade. Meu coração também transborda amor pelos religiosos que pregam a elevação espiritual e não toleram os diferentes e, apesar da fatal onda de fúria inicial e dos inevitáveis praguejos, no fim eu encontro amor para quem caçoa dos deficientes, quem zomba dos cegos e tira escárnio dos portadores de síndromes; para eles, Deus, por favor, guarde misericórdia. E mesmo que até agora eu já tenha amado muito, essa foi só a parte difícil do meu amar. Ainda há todas as cores, todos as fragrâncias, todas as alegrias; o desabrochar das flores, o pólen angiospérmico, a onda do mar, o cheiro da grama molhada, o carinho da chuva. Depois de tanto amar, ainda sobra muito sentimento para o senhor que é gentil e abriu a porta do elevador para mim na semana retrasada, para a criança que vê dois homens se beijando e sorri, para o cair das lágrimas nos rostos das pessoas que ainda se sensibilizam com a arte do cinema, do teatro, da música, da pintura ou mesmo das palavras. Sobra amor para o livro que me tocou tanto e que me fez tão feliz e, claro, para a mulher que o escreveu e cuja aparência, nome ou forma pouco me importam. Eu amo os carros pacientes que dão a passagem para um outro mais apressado no trânsito, eu amo o vento que bagunça os cabelos das pessoas, eu amo a China, a Eslováquia e Luanda, eu vejo a beleza mais pura nas cores do mundo, nas peles de quem guarda vida dentro de si, no amor que atropela a anatomia. E quanto a essa visão... Limito-me a dizer que amo possui-la e que almejo cultiva-la dentro de cada ser.
Agora, não entenda-de mal. Hoje eu guardo a certeza de o mundo é muito triste e, apesar das alegrias aqui e ali, há mais lágrimas que sorrisos. No entanto, não posso oprimir-me, tampouco impedir-me de amar assim tão infinito, porque assim como eu preciso do mundo, o mundo precisa do meu amor (e assim que escrevo, retiro o véu de egocentrismo que pode exacerbar a frase, substituindo por um pouco duma ingenuidade esperançosa que eu tenho aqui no meu estoque de emoções).
Finalizando, ainda que talvez você já tenha compreendido que esse meu amor que dedico ao mundo é o mesmo amor que vive em você e que você dedica aos seus amigos e à sua família, e também que não conhecer a sua identidade não me influencia em nada, termino escrevendo com todas as letras e com toda a força do meu sorriso que brilha nesse segundinho: eu amo você. De um jeito ou de outro, eu e você somos iguais, somos tudo e nada, somos irmãos. E só por você existir, já merece meu amor.
Obrigada.
Monólogo muito lindo.
ResponderExcluirGosto do seu jeito de ver o mundo. Te admiro por sua ingenuidade. Vc, realmente, consegue me impressionar a cada frase q escreve aqui nesse seu blog. Simplesmente, fiquei sem palavras para me expressar direito sobre isso.
Tem uma coisa... também te amo!